Pedágio: O povo paga, o empresário lucra, o deputado sorri!
Perdemos. Essa é a verdade nua, crua e dolorosa. Perdemos quando permitimos que instalem pedágios entre Canitar e Chavantes, entre Bernardino e Ipaussu. Perdemos quando aceitamos, calados ou iludidos, o discurso da falácia do “investimento privado” — como se pagar para trabalhar, pagar para viver, pagar para sobreviver fosse aceitável.
Nos disseram que os pedágios viriam para trazer melhorias. Mentira. Se fosse para investir, que investissem antes. Que mostrassem a obra pronta, o benefício entregue. Mas não. O povo paga primeiro — e, muitas vezes, paga sem ver retorno algum. É o trabalhador que sofre. É o pai de família que não poderá mais ir trabalhar porque o salário não cobre o pedágio. É o estudante que não pode mais ir de uma cidade a outra porque o custo se tornou insustentável. E para quê? Para alimentar o lucro de empresas que sequer sabem pronunciar o nome da nossa cidade.
Perdemos quando elegemos um governador que governa para empresários. Que privatiza como se fosse mérito. Que vende o que é nosso como se fosse dele. Entregou a SABESP. Entregou nossas rodovias. Entregou até nossas escolas. E aí eu pergunto: se é para privatizar tudo, para que precisamos de governador? Essa sanha privatista é mais do que uma escolha política — é uma confissão de incompetência. Um fracasso em governar para o povo.
Perdemos quando colocamos no Congresso e na Assembleia deputados que só aparecem em época de eleição, para tirar foto ao lado de um trator velho ou entregar uma emenda pingada como se fosse um favor. Não é favor. É obrigação. Mas para eles, a política virou palco e vaidade, e não compromisso com quem sofre no asfalto quente e no ônibus lotado.
E sabe o que é pior? Muitos prefeitos também se calaram. Se venderam por migalhas de arrecadação. Fingiram que não viram, disseram que não podiam fazer nada. Mas podiam. Deveriam. Porque quem perde é o povo. E um prefeito que aceita isso em troca de centavos de imposto trai sua cidade. Aceita sacrificar empregos, cortar o futuro de jovens que dependem da estrada para estudar ou trabalhar. Isso é imperdoável.
O modelo de pedágio “free flow” — sem cabines, sem empregos, apenas cobrança automática — é um escândalo. Uma vergonha. Não gera um emprego sequer, mas destrói dezenas. Um sistema frio, injusto, tecnocrata. Criado para arrecadar, não para servir.
Perdemos, sim. Mas precisamos aprender. Precisamos mudar. Em 2026, temos que dar o troco. Temos que lembrar de cada nome, de cada voto que sustentou essas medidas contra o povo. Nenhum deputado que apoiou a privatização pode voltar. Nenhum vereador que se calou pode ser reeleito. E os prefeitos? Que sejam julgados pelas urnas também.
Porque só assim vamos começar a vencer de novo: quando o povo deixar de ser plateia e voltar a ser protagonista. O Brasil é nosso. O interior é nosso. As estradas são nossas. E nós não vamos esquecer.
Jailton Ferreira